Há dois anos, empresa fabricava 20 unidades por mês; hoje, são 4 mil.
Os estepes viraram alvo de ladrões em São Paulo. E os crimes acabaram impulsionando a indústria. Já há empresas que vendem sistemas antifurto de pneu.
O estepe do carro do DJ Ronaldo Gasparian já foi furtado três vezes. "Eu não podia imaginar que, no lugar onde eu sempre deixava o carro há vários anos, alguém ia levar meu estepe", diz.
Os furtos de estepe têm sido frequentes, e um foi flagrado por uma câmera de segurança no bairro da Pompeia, na Zona Oeste da capital, duas semanas atrás. Depois de abrir o carro com uma chave falsa, o ladrão precisou de apenas alguns segundos para retirar o estepe e fugir.
A Secretaria de Segurança não tem dados sobre esse tipo de crime, mas os empresários já perceberam o potencial do mercado.
Do grande número de furtos, surgiu uma nova indústria, de empresas especializadas em mecanismos para impedir o roubo de estepes, como uma metalúrgica na Zona Sul de São Paulo, que desenvolveu uma peça específica para prevenir o furto. O inventor teve a ideia quando descobriu que o estepe do carro dele também havia sido furtado.
A trava substitui o parafuso que prende o estepe e precisa de uma ferramenta específica para tirá-la. Como há 250 combinações diferentes, o dono da empresa diz que a chance de o ladrão ter uma chave com o mesmo segredo da trava é de 1%. Há dois anos, a empresa fabricava 20 unidades por mês. Hoje, são 4 mil.
"Começou como uma brincadeira e se estendeu por um ano e meio até chegar num produto confiável", diz o empresário José Tadeu Nogueira.
Como o estepe fica no porta-malas ou debaixo do carro, às vezes a vítima demora para descobrir que foi furtada. Gasparian deu falta do estepe só quando chegou em casa, mas tinha certeza de que o furto havia acontecido dentro de um estacionamento. Decidiu, então, entrar em uma disputa para receber o reembolso.
"Eles não queriam me pagar de jeito nenhum porque era minha palavra contra a deles. Não abri o porta-malas na hora, e comecei a trocar e-mails com a empresa. A empresa entendeu. Usei o bom senso, falei tudo que estava sentindo e o cara entendeu meus motivos", afirma Gasparian.
Em casos como o dele, a lei protege o consumidor. Cabe ao estacionamento provar que o estepe não foi furtado no local. "No caso de relação de consumo, que é o caso do estacionamento, quem cabe provar que não foi é a empresa. Inverte o ônus da prova", afirma Maurício Januzzi, presidente da Comissão de Assistência Judiciária da OAB-SP.
Andar sem estepe é considerado infração grave, punida com cinco pontos na carteira e multa de R$ 127,69.
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